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Árbitro de Vídeo é atração de Bahia x Palmeiras

02/08/2018 às 16:39 | Comunicação

Supervisor do jogo, Alício Pena Júnior, detalha o projeto do VAR

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Principal novidade da Copa do Mundo da Rússia, este ano, o VAR (Video Assistant Referee, em inglês), ou o Árbitro de Vídeo, chegou para ficar no futebol. A ideia deste equipamento tecnológico surgiu na mente de um baiano: Manoel Serapião Filho, que em 1972, durante o jogo Bahia x Galícia, pelo Campeonato Baiano, teve uma dúvida se uma bola teria sido gol ou não e a partir daí começou a desenvolver o projeto.

De acordo com o vice-presidente da Comissão de Arbitragem da CBF e diretor da Escola Nacional de Árbitros de Futebol  (ENAF), o mineiro Alício Pena Júnior, em 2007 e 2009, Serapião apresentou o projeto no Fórum Internacional de Futebol (Footcon). E em 2015, a CBF decidiu colocar em prática a metodologia para aplicação do Árbitro de Vídeo.

Em 2017, o Árbitro de Vídeo foi utilizado no Campeonato Pernambucano. Este ano, também foi testado no Campeonato Gaúcho, num clássico entre Grêmio e Internacional. Também na final do Estadual Catarinense, entre Chapecoense e Figueirense. “Todo esse processo de maturação do projeto para chegar agora nas quartas de final da Copa do Brasil 2018”, acrescentou Alício, que ministrou uma palestra sobre o VAR, na última quarta-feira (1), em um hotel de Salvador, para a imprensa esportiva baiana.

Ao lado do Diretor de Comunicação da CBF, Douglas Lunardi, e do ex-árbitro carioca Carlos Vinícius Cerdeira, que faz parte da Comissão de Arbitragem da CBF, Alício Pena Júnior explicou detalhadamente como seria feita a utilização do Árbitro de Vídeo no jogo Bahia x Palmeiras, na Arena Fonte Nova, pelas quartas de final da Copa do Brasil.

Alício destacou a importância da execução do protocolo para que os árbitros e assistentes treinados tenham sucesso na aplicação da tecnologia. “A gente procurou colocar para eles que no momento do reinício dos jogos, num lance de gol ou não gol, disputa de bola, possível impedimento, situação de mão, que saibam que tem esse auxílio para poder salvar o árbitro em uma situação de jogo. Não é para o árbitro se escorar nele como uma muleta, mas é bom ele saber que essa ferramenta pode resolver uma situação onde humanamente não foi possível solucionar”.

A palestra ministrada para os profissionais de imprensa foi a mesma proferida para os jogadores do Bahia (na quarta-feira, 1, à tarde) e Palmeiras (na quinta-feira, 2, pela manhã). Também na quarta-feira (1) foram feitos os primeiros testes nos equipamentos do Árbitro de Vídeo, em um jogo simulado dos times Sub-15 (titular e reserva) do Bahia. Nesta quinta-feira (2), dia da partida, será feito um segundo teste, antes de a bola rolar.

TREINAMENTO – O 2º Curso de Capacitação para Árbitros Assistentes foi realizado em Águas de Lindóia (SP), no último mês de junho. “No ano passado, nós treinamos 82 árbitros e 20 supervisores de protocolo. Os melhores destes – 20 árbitros e 20 assistentes – participaram recentemente de mais uma etapa de treinamento por oito dias, preparando esse grupo para estes 14 jogos da Copa do Brasil”, explicou Alício Pena.

Árbitros brasileiros do quadro internacional também participaram de um curso da Conmebol e os quatro árbitros envolvidos na Copa do Mundo, que puderam treinar com a FIFA. Estas exigências são para cumprir o protocolo do IFAB (International Football Association Board), órgão que trata das regras do futebol.

A Copa do Brasil 2018 é a primeira competição organizada pela CBF que terá utilização do Árbitro de Vídeo. “Estamos preparados, sabemos que é um procedimento novo, e que desta forma exige uma fase de adaptação, entendemos que nossos árbitros foram treinados e estão capacitados para executar a nova função. As questões tecnológicas e as logísticas para a realização das partidas estão acertadas. E esperamos ter êxito e que se cumpra o objetivo principal do VAR: corrigir erros óbvios, claros e legitimar os resultados das partidas”, falou o Supervisor do jogo Bahia x Palmeiras.

Alício Pena Júnior informou que a FIFA apontou na Copa do Mundo da Rússia um índice de acerto do Árbitro de Vídeo de 98,7%. “Com toda a tecnologia que tem a FIFA. Então, o nosso objetivo é estar buscando o máximo de acerto. Mas é sabido que algumas questões ficam no campo de interpretação. Por exemplo, o primeiro gol da França na final da Copa, decorrido de uma falta que não houve, mas que não pode ser corrigida pelo VAR, já que aconteceu fora da área. Não é uma daquelas situações que estão previstas no protocolo”, justificou.

VAR EM AÇÃO – Para o leitor do portal da FBF ficar bem informado, as situações em que o Árbitro de Vídeo é acionado são estas: 1 – Gol / Não Gol – O VAR informa ao árbitro de campo se a bola entrou ou não. O árbitro de vídeo também avisa ao árbitro se, antes de um gol ser marcado, houve falta do ataque, impedimento, toque de mão ou qualquer irregularidade que deveria invalidar a jogada; 2 – Cartão Vermelho Direto – O árbitro de vídeo informa ao árbitro de campo se um cartão vermelho incontestável (agressão, cotovelada no rosto) não for aplicado ou se for mostrado de modo, claramente, errado; 3 – Erro de Identidade – O VAR informa ao árbitro se um cartão (amarelo ou vermelho)for aplicado ao jogador errado; 4 – Pênalti / Não Pênalti – O árbitro de vídeo informa ao árbitro principal se houve um pênalti claro (sem interpretação). O VAR também fala com o árbitro de campo se houve falta do ataque, impedimento, toque de mão ou qualquer irregularidade que deveria invalidar a jogada, antes de um pênalti marcado.

O Árbitro de Vídeo funciona da seguinte forma: acontece a jogada, o VAR recomenda ao árbitro que uma decisão deve ser revisada ou o próprio árbitro pede que um lance seja revisto; feita a checagem com os replays, o árbitro de vídeo informa ao árbitro central o resultado do que foi visto nas imagens em vários ângulos; o árbitro faz o gesto de uma tela para informar sobre a revisão. Ele aceita a sugestão do VAR ou pode ver o lance no gramado. Árbitro mantém ou altera a sua decisão inicial e reinicia o jogo.

Portanto, o VAR fornece as informações e a decisão final é sempre do árbitro central. No jogo Bahia x Palmeiras serão 13 câmeras para captar as imagens em todos os ângulos. O custo total para utilização do Árbitro de Vídeo é de R$ 50 mil, por partida. Nos 14 jogos da Copa do Brasil, a CBF irá gastar R$ 700 mil.

A relação entre arbitragem e atletas, segundo Alício Pena, vai melhorar bastante. “Nas palestras que ministramos aos jogadores, a receptividade tem sido muito boa. Até porque nós estamos tratando com eles de algo que vai produzir melhores resultados deles próprios no campo de jogo. Todos procuram se informar detalhadamente dos procedimentos. Tem sido realmente algo muito positivo”.

O Supervisor alerta para a necessidade de que o atleta ou mesmo algum membro da comissão técnica não peça ao árbitro a intervenção do VAR. “Não existe esta necessidade. No caso do vôlei existe porque não tem alguém ali voltado para isso. Na tecnologia de vídeo no futebol, nós temos três pessoas voltadas exclusivamente para estar realizando estas situações. Caso haja esse pedido, o árbitro vai controlar esta situação e se achar que é algo exagerado tomar medidas contra isso”.

Aos 50 anos, Alício Pena Júnior deixou de apitar em 2013 e lamenta que essa tecnologia não tenha sido implantada em sua época. “É um sentimento de que isso (árbitro de vídeo) poderia ter vindo há mais tempo e a gente tivesse também esta cobertura. Não é objetivo do projeto que o árbitro vá a campo usando o árbitro de vídeo como uma bengala para conduzir a partida. O que foi colocado nos cursos da FIFA, da Conmebol e da CBF é que o árbitro atue com as suas condições, características e qualidade. E o suporte do árbitro de vídeo seja utilizado para alguma decisão dele equivocada”, concluiu.